sábado, 10 de outubro de 2009

Premio Nobel (para um tempo melhor)


.



«Não sinto que mereça estar na companhia de tantas figuras transformadoras que foram honradas por este prémio», declarou esta sexta-feira na Casa Branca, em Washington.
Obama considerou que o Nobel não foi atribuído pela curta obra do Presidente norte-americano, mas pelos princípios e objectivos da missão que o chefe de Estado atribuiu ao próprio país.
«O mundo enfrenta desafios que não podem ser respondidos apenas por uma pessoa ou por uma nação», afirmou.
«Vou aceitar este prémio como um apelo à acção, um apelo para todas as nações enfrentarem os desafios comuns do século XXI», sublinhou.



Barack Obama, Prémio Nobel da Paz 2009


O Comité Nobel Norueguês acaba de anunciar o nome do Prémio Nobel da Paz deste ano.

N'O Caderno, José Saramago reagiu à notícia com as seguintes palavras:
Falou-se muito de Barack Obama neste blog, alguns dirão que demasiado. Quando uma esperança nasce há que saudá-la conforme o seu merecimento, e este parecia não ter limites.
É possível que comece a dizer-se que o Prémio Nobel da Paz foi prematuro, mas não o é se o tomarmos como um investimento...
Graças a ele talvez Obama ganhe ainda maior consciência de quanto o necessitamos.
José Saramago
No dia de hoje, recuperamos o texto publicado a 20 de Janeiro no mesmo espaço:
Donde?
Donde saiu este homem? Não peço que me digam onde nasceu, quem foram os seus pais, que estudos fez, que projecto de vida desenhou para si e para a sua família. Tudo isso mais ou menos o sabemos, tenho aí a sua autobiografia, livro sério e sincero, além de inteligentemente escrito. Quando pergunto donde saiu Barack Obama estou a manifestar a minha perplexidade por este tempo que vivemos, cínico, desesperançado, sombrio, terrível em mil dos seus aspectos, ter gerado uma pessoa (é um homem, podia ser uma mulher) que levanta a voz para falar de valores, de responsabilidade pessoal e colectiva, de respeito pelo trabalho, também pela memória daqueles que nos antecederam na vida. Estes conceitos que alguma vez foram o cimento da melhor convivência humana sofreram por muito tempo o desprezo dos poderosos, esses mesmos que, a partir de hoje (tenham-no por certo), vão vestir à pressa o novo figurino e clamar em todos os tons: “Eu também, eu também.” Barack Obama, no seu discurso, deu-nos razões (as razões) para que não nos deixemos enganar. O mundo pode ser melhor do que isto a que parecemos ter sido condenados. No fundo, o que Obama nos veio dizer é que outro mundo é possível. Muitos de nós já o vinhamos dizendo há muito. Talvez a ocasião seja boa para que tentemos pôr-nos de acordo sobre o modo e a maneira. Para começar.
Barack Obama, Prémio Nobel da Paz 2009

Sem comentários: