quinta-feira, 6 de maio de 2010

"Morez" Pedro LEGUA Leiria

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Máquina de relógio francês usualmente chamado Morez

Muito provavelmente 1ª metade do sec. 19








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Trabalha pela força geradas por 2 pesos com reserva para 8 a 10 dias





Após tratamento





É um movimento simples, dá horas e meias horas








Funciona dentro de uma caixa alta com uma pêndula longa
com cerca de 1 metro de comprimento



Mostrador em esmalte branco decorado no seu redor com motivos florais
os ponteiros em metal amarelo recortados tal como a imagem mostra.

A marca no mostrador é provavelmente do relojoeiro de Leiria que o vendeu.

Por vezes chegam assim neste estado lastimoso.




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sexta-feira, 16 de abril de 2010

As aventuras de um calendário

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Texto do amigo e cliente Senhor Vasco Antunes (2006)


Vasco Antunes disse...

Quando, na Feira do Beato de 2006, comprei a um comerciante relojoeiro do Porto este relógio de parede que tem a particularidade de ter dois mostradores, não fazia a mínima ideia da aventura em que me ia meter.

A decisão de o comprar teve em conta apenas o facto de ter gostado da sua aparência e também porque me parecia que ele ficava bem numa parede de minha casa, há muito vazia e a precisar de ali colocar qualquer coisa.

Quando da negociação do preço, o comerciante do Porto, bem me disse que o valor pedido se justificava porque o mostrador de baixo tinha um calendário e que além disso era um Ithaca, e portanto “coisa” rara e valiosa, mas como sempre nestas coisas de compras e vendas, não lhe dei muita importância e lá acordamos num valor um pouco mais baixo e trouxe-o para casa, literalmente sem imaginar a aventura que ainda se iria viver. A regulação do calendário era, na opinião do nosso amigo comerciante do Porto “coisa muito fácil” e que se conseguia a partir de uma haste com uma argola situada na parte de cima da caixa do relógio. Uma demonstração de uns breves segundos - justificáveis porque a hora de encerramento da feira já tinha sido ultrapassada, lá me convenceram de que aquilo funcionaria com facilidade.

Pelas razões do mundo actual, o relógio ficou embrulhado no mesmo papel em que o comerciante do Porto o embrulhou, por uns tempos até que o Sr Rui tivesse ocasião para lhe dar “um jeitinho” e o pôr a trabalhar.

Lá esperei o tempo necessário para nos encontramos uma noite e ver o que havia para fazer, ser-lhe dado o tal “jeitinho” para o pôr a trabalhar e levá-lo para casa.

Nessa noite, decorrida mais de um mês depois da compra, lá nos enchemos de coragem e depois de desembrulhamos o dito começamos por tirar as costas do relógio e logo verificamos, com surpresa, que não só as madeiras tinham um pouco de caruncho, como o relógio tinha dois movimentos separados.

O caruncho – visitante sempre incómodo nas madeiras e muito mais num relógio, teria de ser eliminado por expurgo e para tal seria necessário retirar os movimentos. Quanto a estes, - o movimento de cima, era sem sombra de dúvidas respeitante ao relógio, mas o movimento de baixo era um mecanismo autónomo, complexo e algo estranho, ligado ao movimento de cima por duas hastes metálicas ajustadas por duas pequenas porcas. A fixação á estrutura de madeira era feita por quatro parafusos grosseiros, fáceis de retirar, mas o mesmo já não se poderia dizer das duas hastes que uma vez desapertadas teriam de ser novamente ajustadas se quiséssemos pôr o calendário a funcionar - e isso poderia não ser tão fácil, como afinal se veio a verificar.

Decidida a remoção dos dois movimentos - precedida pelo sim pelo não de algumas fotografias, o Sr. Rui iniciou a reparação da caixa de madeira, a limpeza dos polimentos exteriores aros de latão e ponteiros.


Montado o movimento do relógio e pendurado o pêndulo, que esse sim estava a funcionar, o Sr. Rui lá se iniciou a montar o movimento do calendário, comigo a assistir e daí a ouvir o “tic-tac” habitual foi um passo.

A verdadeira aventura começou com a montagem do movimento do calendário. Mas se os comandos de acerto do calendário eram tão simples - como afirmava o comerciante do Porto, para que seriam necessários tantas “cames” “ganchos“, “pinos“ e “rodas dentadas em forma de quadrado“ sem falar nas peças de latão com um formato tão estranho, e que constituíam aquele movimento? E os ponteiros dos dias do mês que depois de montados saltavam estranhamente quatro dias sem qualquer justificação? Nessa noite, que para mim terminou por volta das 2 da manhã, lá deixei o Sr. Rui a matutar naqueles mecanismos todos e a tentar obter respostas para a necessidade de tantos mecanismos e para que serviriam, se o acerto era tão fácil como me tinha dito o tal comerciante do Porto.
No dia seguinte e já no serviço, achei estranho pois estava uma mensagem do Sr. Rui , às 4 da manhã “a dizer que aquela complexidade toda para o movimento do calendário só poderia ter uma justificação se se tratasse de um calendário eterno”, isto é, para quem não está familiarizado com estes termos, um calendário que não só identifica os meses com 29, 30 e 31 dias como também os anos bissextos o que é uma das maiores complexidades relojoeiras tanto mais num relógio de meados do Sec. IXX tanto mais americano. “A dificuldade agora está em afinar este mecanismo o que vai exigir algum estudo”. À noite, lá estava eu de novo a olhar para o mecanismo e a ouvir as explicações do Sr. Rui . Todas as explicações para o funcionamento das complicações do mostrador de baixo – dias da semana, do mês e meses encaixavam com uma lógica perfeita confirmada pelo funcionamento do mecanismo, com excepção do estranho salto de 4 dias (do dia 21 para 24) e dos anos bissextos cujos acertos teimavam em que teimavam em não produzir efeitos.



Até eu, que de relógios não percebia nada, que não fosse dar-lhes corda e admirar o seu balanço e roda de escape, uma invenção notável diga-se de passagem com imensas utilizações ainda hoje na industria automóvel, depois de muitas horas a puxar pela cabeça dava também a minha opinião - nem sempre aceite pelo Sr. Rui , quando, depois de muitas tentativas lá me decidi a fazer uma pesquisa na Net e, com surpresa ao fim dos milisegundos habituais, encontrei vários sites referentes ao que agora já poderei chamar do famoso Ithaca Calendar Clock. Um dos sites (http://www.antiqueclockspriceguide.com) e que permite aceder a uma das maiores bases de dados do mundo de relógios, fabricantes e marcas e depois de alguma pesquisa lá encontrei o meu relógio entre várias dezenas de modelos que tinham sido produzidos por aquela centenária marca e vendidos para toda a América e mundo durante cerca de 50 anos mais precisamente entre 1865 e 1917.


Espicaçada a curiosidade, lá fui de site em site até descobrir um, da autoria do Sr. John C. Losch de Holliston, Massasshutets, USA (jclosch@worldnet.att.net), que não só confirmava que o calendário era perpétuo como tinha tido sido inventado e registada a patente pelo Sr. Henry B. Horton em 1865.

Fiquei também a saber, com espanto meu que se tratava de uma marca de origem americana – que cessara a produção por falência em 1917, e que tinha produzido em massa um dos relógios de calendário perpétuo mais célebres e popularizados do mundo, com mais de 100 modelos, em que alguns – raros, tinham o calendário em Português, situação que tinha origem certamente nalguma encomenda de Portugueses, coisa que actualmente já raramente se faz, mesmo nos modelos de relógios de pulso mais caros. Este site apresentava uma descrição muito pormenorizada da história deste fabricante de relógio como também e felizmente para nós, uma descrição muito pormenorizada da forma de acertar o calendário, o que nos certamente nos facilitaria a vida. Rapidamente entro em contacto com o Sr John Losh e com a descrição do site, entretanto traduzida e as recomendações enviadas por mail fiquei convicto de que tinha o assunto resolvido.

Nada de mais errado!!! Quando tentávamos acertar o calendário com base nas recomendações do Sr John Losh, nada funcionava como ele afirmava no seu site e então no que respeita ao subtil acerto dos anos bissextos “a coisa não acertava mesmo”.
Restava-nos estudar ao assunto de novo, agora ajudado pelo que entretanto tínhamos lido e estudado e que tinham dado uma preciosa ajuda.

O ponteiro dos dias do mês

De um dos sites, aquele que apresenta os modelos de relógios praticamente todos, o Sr Rui colocou a hipótese - difícil de aceitar diga-se de passagem, de o ponteiro central dos dias do mês não ser o original, e ter sido adaptado, e que por essa razão, poderia não estar correctamente centrado no seu eixo principal, originando por esse motivo desacertos destes com os dias da semana. Embora difícil de aceitar, esta hipótese acabou, ao fim de alguns dias de ser confirmada, pois uma foto do modelo original apresentada no site acima referido, mostrava um ponteiro central negro enquanto que o do meu relógio eram vermelho e de forma imperceptivelmente diferente. Decidido manter este que acompanhava o relógio mesmo que não fosse o original, meteram-se as mãos à obra para o rectificar e fazer um novo furo central no ponteiro, que para quem não sabe é uma tarefa delicada pois um pequeno desvio, nem que seja de décimos de milímetros, faz com que o mesmo se desvie irremediavelmente do dia para o qual deveria apontar. Esta operação foi levada a cabo com alguma dificuldade e só resultou ao fim de algumas tentativas.

O acerto do calendário
Do estudo de qualquer dos elementos escritos que se foram encontrando, rapidamente se percebeu que uma das advertências mais importantes era a de que este mecanismo não deveria em nenhum caso ser oleado, o que se respeitou na íntegra, mesmo não se percebendo porquê.

A seguir, iniciaram-se as tentativas de entender a utilidade de todas aquelas rodas dentadas, alavancas, pinos e ressaltos e que iriam conduzir ao acerto da complicação do calendário eterno, e para a qual se gastaram inúmeras horas em tentativas e fracassos já que mesmo com o artigo do Sr John Losh traduzido, o acerto teimava em não se concretizar. A pouco e pouco foram-se descobrindo outras deficiências no mecanismo e que tinham a ver com o facto de este há muito estar parado, ao contrario do que nos dizia o comerciante do Porto. Ou melhor, o calendário funcionava, mas o que na realidade acontecia era que certamente não estava a funcionar era como tinha sido concebido. Havia algumas peças encravadas e rodas que não deslizavam devidamente por a sua superfície de contacto estar oxidadas e algumas peças mesmo calcinadas. Não se podendo olear, a tarefa teve de ser executada com muito cuidado pois o seu movimento só poderia ser forçado se houvesse a certeza de que o seu movimento era aquele, e para isso houve como disse atrás de estudar ao fundo as suas funções e arriscar ou não. Na hora da decisão, a opinião e instinto do Sr. Rui foi decisiva, pois de um modo geral acertava pelo melhor.

Passo a passo lá se foi acertando primeiro o dia da semana, depois o mês e por fim o dia do mês, cumprindo escrupulosamente a instrução dos especialistas, de não colocar óleo neste mecanismo.

O acerto do ano bissexto

Para o fim ficou o acerto do ano bissexto, que se revelou a maior aventura. E porquê? Como certamente é do conhecimento geral, um ano é considerado bissexto quando o mês de Fevereiro respectivo tem 29 dias, situação esta que ocorre de 4 em 4 anos. No mecanismo deste calendário, o acerto do ano bissexto é feito por intermédio de um pino de aço que encaixa numa roda com vários sulcos situada no eixo do tambor que mostra os meses do ano. Ora, seguindo a risca as instruções do Srº John Losh, nunca se conseguia fazer acertar o ano bissexto para o ano mais próximo – o de 2004, e por conseguinte o próximo ano bissexto será o de 2008, verificando-se que o ponteiro saltava de 28 para 29 de Fevereiro e depois para 1 de Março, no ano em que se procedia á reparação ou seja 2007. Depois de inúmeras tentativas o Sr. Rui disse, que as instruções de acerto do Sr John Losh só poderiam estar erradas ou então referirem-se a outro modelo de calendário ou de relógio.

Devo referir que o facto de o esquema de acerto sugerido pelo Sr. Rui não ter sido testado, se deve a alguma teimosia minha, pois não havia razão para não acreditar nas instruções do Sr John Losh e também porque este teste implica algum tempo e paciência que não eram possíveis porque o Sr. Rui tinha entretanto sido desviado para a reparação dum outro relógio de um cliente apressado. O assunto ficou assim em suspenso mas não me saía da cabeça que algo “não batia certo” quanto ao acerto.

Na dúvida, e aproveitando esta “pausa” na afinação do mecanismo do calendário decidi contactar o Sr John Losh e depois de redigir em inglês e dar a corrigir a uma amiga devido a dificuldade encontrada, enviei-lhe um mail acompanhado dos seguintes dois esquemas de acerto do ano bissexto:

· O primeiro era o que resultava das recomendações do Sr John Losh;

· O segundo era o que o Sr Rui entendia ser o certo.

Ao fim de duas semanas e quando admitia que o Sr John Losh nem sequer me iria responder, como muitas vezes sucede nestas coisas da Internet, eis que surge a resposta, simpática cordial, humilde, e surpresa das surpresas admitindo que a descrição do acerto do site – feita por ele há cerca de 10 anos atrás, continham um pequeno erro, grosseiro, e que tinha a ver com o facto de o Sr. John Losh ter feito a descrição do acerto das diversas complicações do calendário sem na altura de dispor de um mecanismo à sua frente que permitisse fazer a descrição correcta.
Ou seja, o Sr John Losh, fez a descrição do mecanismo do calendário do relógio completamente de memória, baseado apenas num exame superficial que tinha feito uns anos antes, o que é de louvar, diga-se de passagem.

domingo, 11 de abril de 2010

Guincho

Mar do Guincho



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Aspecto do interior de escritório de viagem estilo navy
em pau santo, muito provavelmente sec.19



Lateral direita

sexta-feira, 9 de abril de 2010